quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Porto de Torres

Os molhes de serviço da Guarita
Roberto Laitano Vellturella
Engenheiro Agrônomo

O interesse de construir um porto em Torres surgiu no período Imperial, esteve em evidência até o ano de 1875, ressurgiu em 1890 quando chegou quase a sua concretização, mantendo-se em desta­que até 1928, quando a idéia foi completamente descartada.
O projeto visava suprir as deficiências ocasionadas pela falta de um porto marítimo que pudesse receber com segurança os navi­os vindos de outras regiões para o sul e serviria para impulsionar o crescente desenvolvimento econômico da Província, uma das mais importantes do país.
Os governos imperial e provincial cogitavam construir um porto no Refúgio das Torres ou ampliar a abertura e a profundidade do canal do acesso da barra do porto de Rio Grande. Ao longo dos tempos foram elaborados diferentes projetos para a construção do porto de Torres, mas nenhum deles foi bem sucedido.
Quando era Presidente Provisório da República o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, em dezenove de junho de mil oito­centos e noventa foi confiada à Companhia União Industrial dos Estados Unidos do Brasil a construção desse porto. A concessão foi oficializada através do Decreto n° 1382 de 1891. As sondagens e os levantamentos topográficos foram elaborados pela Comissão chefiada pelo engenheiro Luiz Rheingantz, escolhida a Praia Gran­de para a realização da obra.
Em 1892 foram iniciados os trabalhos preparativos para a construção de um pequeno molhe de serviço que serviria de abrigo às primeiras embarcações para o transporte dos materiais e equi­pamentos necessários à construção do porto. Na extremidade sul da Torre do Meio do atual Morro das Fumas, no lugar conhecido pelo nome de Ponte foi o local do onde foram retirados os blocos de pedras, para construção do molhe de serviço.
As explosões de dinamite na rocha deixaram sinais que ainda hoje podem ser observadas conforme se percebe na foto abaixo.
Na praia da Guarita foram estendidos trilhos e colocados vagonetas para o transporte dos blocos de pedras. Um começo de molhe rochoso foi lançado mar à dentro, na extensão de aproxima­damente cinqüenta metros.
Ainda hoje são visíveis os vestígios dos trabalhos realizados, destacando-se um pequeno trecho partindo da Torre do Sul. Os serviços foram desativados, ficando os equipamentos abandona­dos e os resquícios das obras se dispersaram ao longo do tempo. Fatores históricos contribuíram para fracassar a execução do pro­jeto elaborado por essa Companhia, como possível conseqüência foi à ocorrência no Rio Grande do Sul da Revolução Federalista (1893-1895) cujas lutas partidárias transformaram-se em uma lon­ga e sangrenta guerra civil.
Com o passar dos anos os projetos foram postos de lado e esquecidos devido às dificuldades técnicas, altos custos de im­plantação e também devido à falta de motivação política.
Devemos reconhecer nossa sorte nesse aspecto, eis que com a não concretização do porto, a paisagem não foi transformada e Torres permanece com suas inúmeras belezas naturais preserva­das, tornando-se um centro de lazer e turismo.

Gazeta – 11 a 18 de Janeiro de 2008
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